oleiro
“É preciso que compreendas que és vaso nas mãos do Oleiro. Ele, somente Ele, é que pode dar-te forma e moldar em ti uma alma à imagem de seu Filho, casto, pobre, obediente e vítima de amor” (PV 17, Érika Vilela)

Somos chamados a uma consagração! A nos ofertarmos ao Senhor inteiramente no serviço à Igreja e ao próximo. Nossa consagração pode ser feita na forma de Vida ou de Aliança.

Em nossa consagração, fazemos 5 compromissos: Castidade, Pobreza, Obediência, Martírio e Misericórdia. Para cada um destes, temos um baluarte, um mestre que nos ensina a viver melhor tal compromisso. Confira um pouco sobre nossos baluartes a seguir:

Baluarte 1 frase
"Ó Jesus, meu amor… Minha vocação, enfim, eu a encontrei, minha vocação é o amor!" (Santa Teresinha de Lisieux)

Celebração litúrgica: 1º de outubro

A pequena flor do Carmelo (1873-1897) ensina que o amor é a base e fundamento de toda a vocação, que o menor dos gestos cheio de amor é mais agradável a Deus do que grandes feitos sem amor. Entrou no Carmelo ainda muito jovem onde aprofundou seu desejo de intimidade com o Senhor. Assim, repetia que sua vocação era o amor e em todos os gestos e sacrifícios, pequenos ou grandes, ofertava-os a Deus pela salvação das almas e pela Igreja. Se aproximava das irmãs, mesmo as que tinha maior dificuldade, para aprender a amar como o Senhor nos ama. 

Nossa fundadora nos ensina que

Esta mestra e doutora da Igreja é a baluarte principal de nossa vocação Filhos de Maria (…) e nos ensina a castidade, que no nosso carisma implica, sobretudo, o domínio de si e a capacidade de se dar como vítima ao Amor Misericordioso. Em um mundo que nos convida aos prazeres, ela nos apresenta a castidade como caminho de liberdade interior. As vias para essa liberdade contrariam a mentalidade do mundo: a dependência e a confiança cega na misericórdia do Pai, que vêm do coração de criança, capaz de acolher o Reino. O consagrado Filhos de Maria é chamado a ter coragem de se apresentar a Deus de mãos vazias, a não reter seus méritos ou suas misérias.  Mas, antes, desaguar-se no oceano da Misericórdia Divina. É uma alma que sabe que no coração da Igreja será Tudo, será o Amor.

O casto sabe ver Deus oculto no seu dia-a-dia. Só o Amor nos dá a luz da fé para enxergar o rosto do Amado, seja ele desfigurado ou ressuscitado. Por isso, para ti, Filho de Maria, a castidade não se limita ao teu estado de vida, mas abrange a totalidade do seu ser.” (PV. 19, Érika Vilela)

Baluarte 2 frase
Comece fazendo o que é necessário, depois o que é possível, em breve estarás fazendo o impossível.” (São Francisco de Assis)

Celebração litúrgica: 04 de outubro

O Pobre de Assis (1181?-1226), também conhecido como o Irmão Universal, nos ensina que o importante é começar e se despojar das nossas riquezas, externas e internas, para ficarmos somente com Deus, nosso maior tesouro!

Francisco era filho de um rico comerciante. Em sua juventude, buscava se divertir esbanjando a riqueza do pai sem se importar com os estudos e os negócios da família. Muito orgulhoso e vaidoso, esbanjava as riquezas do pai com ostentações e não se importava com os negócios da família nem os estudos. O que ele queria mesmo era se divertir. 

Após uma experiência na guerra, decidiu seguir ao Senhor mais de perto. Sua conversão foi marcada por fortes renúncias e grandes violências interiores. 

Na igrejinha de São Damião, ouviu do Crucificado: “Vai restaurar minha igreja, que está em ruínas”. Sentiu, então, em seu coração a necessidade de vender seus bens e “comprar a pérola preciosa” sobre a qual ele lera no Evangelho. Então deixou para trás toda sua riqueza para casar-se com a “Senhora Pobreza”. Não tardou para que o testemunho do santo atraísse seguidores e, assim, os Frades Menores abraçaram juntos o ideal de viver o Evangelho. Em 1210, quando o grupo contava com doze membros, São Francisco de Assis redigiu uma regra pequena e informal, que foi aprovada em Roma solenemente em 1223. Na última etapa de sua vida, recebeu no Monte Alverne os estigmas de Cristo, em 1224. 

Primeiro baluarte do carisma Filhos de Maria, sua contribuição à vocação foi ensinar que a pobreza de nossos membros se reveste nas dimensões do ter, do ser e do fazer. O que tenho, partilho. O que sou, oferto. O que faço, devo fazer para estar sempre no último lugar. 

Não posso cobrar méritos, devo confiar na bondade divina. Então sou um ANAWIN, um pobre de Deus.  Como o Irmão Universal, posso ser uma sorella, um fratello, pois partilho não só o que tenho, mas quem sou. Junto com meus irmãos, dependo d’Ele. Sei que tudo vem d’Ele. Quando, em todas as circunstâncias, posso permanecer em paz, é porque sou pobre. Como nada possuo, também nada tenho a perder. Vivo a Perfeita Alegria.” (Érika Vilela)

Baluarte 3 frase
“O importante não é o que se dá, mas o amor com que se dá” (Santa Teresa de Calcutá)

Celebração litúrgica: 05 de Setembro

Agnes Gonxha Bojaxhiu (1910-1997) ouviu o chamado do Amor e decidiu-se consagrar ao Senhor na Casa Mãe das Irmãs de Nossa Senhora de Loreto, onde escolheu o nome Teresa, pois desejava parecer com a humilde carmelita de Lisieux.

Com forte ardor missionário, desejava servir os pobres na Índia, para onde foi enviada. Em Calcutá, trabalhava como professora. Foi ali que, ao ouvir um irmão de rua dizer “Tenho sede!”, fez uma experiência com o Senhor para servir aos pobres entre os pobres.

Com o auxílio de sua superiora e do arcebispo de Calcutá, discerniu o chamado dentro do chamado e, assim, foi ser missionária nas favelas da Índia onde começou a ensinar às crianças em uma escola improvisada. Ao se deparar com o sofrimento e falta de condições para os doentes nas favelas, se dedicou a construir locais de acolhimento para os enfermos. Fundou a congregação das Missionárias da Caridade.

Pela sua obediência, Madre Teresa de Calcutá nos mostra que Deus não esqueceu de Seu povo! E faz isso com gestos concretos através de Seus filhos que escutam e obedecem Sua voz, Seu convite de se colocar ao serviço do outro. De ir ao encontro de quem precisa, onde quer que estejam e com aquilo que tem à disposição, sem colocar impedimentos para a ação de Deus, sem usar como desculpas nossas limitações. Nossa fundadora nos ensina que a vida de Santa Teresa de Calcutá:

Revela ao nosso Carisma a virtude da obediência. Conhecida pelo seu amor aos mais pobres entre os pobres, ela vem testemunhar a obediência à voz do Senhor, ainda que isso nos desinstale ou nos exija viver um “chamado dentro de um chamado”. 

Madre Teresa nos ensina a querer fazer nesta vida algo de belo para Jesus. Seguindo seus passos, aprendemos a ter um coração à escuta através dos acontecimentos. Se não temos um quadro, escrevemos no chão. Se não sei tratar das feridas, procuro aperfeiçoar-me nisso. Se meus doentes são muçulmanos e se arrastam para orar, vou ao prefeito pedir para construir uma mesquita. Sempre estou a obedecer a voz do Amor que me move. Ele se revela em meu superior de congregação, em meu bispo, no pobre, no sorriso, na dor… É sempre Cristo Senhor. (Érika Vilela)

Baluarte 4 frase
“É preciso amar, amar e nada mais.” (São Pio de Pietrelcina)

Celebração litúrgica: 23 de Setembro

Ser mártir é ser testemunha, é ser cristão no sentido profundo da palavra, é ser outro Cristo. Jesus acolhe o sofrimento e não se afasta dele. Assim, nos mostra que Deus não se esquece de ninguém, mesmo que esteja sofrendo, Seu amor se estende a todos.

Francesco Forgione (1887-1968) ingressou na ordem franciscana dos Frades Menores Capuchinhos onde adotou o nome Pio. Dedicou sua vida e ministério sacerdotal à salvação das almas acolhendo o sofrimento. Percebe que sua missão era acolher em si o sofrimento do povo. Como confirmação, recebe de Cristo os sinais da Paixão em seu corpo. 

Foi um grande confessor e acolhia aqueles que desejavam experimentar o abraço misericordioso do Pai através do sacramento da reconciliação. Sofreu com calúnias vindas de membros da Igreja, ainda assim, não se revoltou com a Mãe e mestra. Soube superar e acolher estas limitações e ofertá-las também pela salvação das almas. 

Após um tempo, sentiu-se chamado não só a aliviar as feridas espirituais, mas também as físicas e construiu a Casa Sollievo della Sofferenza (Casa Alívio do Sofrimento) em San Giovanni Rotondo. Foi ao encontro daqueles que sofriam na carne para consolá-los e acolhê-los como queridos do Pai.

São Pio de Pietrelcina nos ensina o martírio. É o nosso quarto compromisso. A identificação profunda com o Mestre até podemos dizer não sou eu mais que vivo, mas Cristo que vive em mim. Em Padre Pio, como diz São João Paulo II, podemos contemplar a luz da Ressurreição pelas marcas da Paixão. Assim, também nós queremos dar a vida por Cristo e vivermos plantados aos pés a cruz, porque “junto da cruz se aprende a amar” (Epist. I, pag. 339) (Érika Vilela)

Abraça a tua vocação ao martírio. Vê, nas grandes provas de tua vida, o mistério do teu sangue derramado. Sê capaz de reconhecer, também, esse sangue derramado na vida dos que caminham contigo. Sofre com quem sofre, alegra-te com quem se alegra,” (PV. 25, Érika Vilela)

Baluarte 5 bg JP II
“É preciso que o rosto genuíno da misericórdia seja sempre descoberto de maneira nova.” (São João Paulo II)

Celebração litúrgica: 22 de outubro

Karol Wotjyla (1920-2005), nasceu na Polônia. Entrou no seminário secretamente durante a invasão de seu país na II Guerra Mundial, ordenou-se sacerdote. Como bispo participou do Concílio Vaticano II. Foi eleito Papa em agosto de 1978, adotando o nome de João Paulo II. 

Sendo um apóstolo da Misericórdia é o baluarte que nos ensina a viver nosso 5º compromisso: a misericórdia! João Paulo II se esforçou para que conhecessem a Verdade, Jesus Cristo, o rosto visível de Deus Pai, que é rico em Misericórdia. Na experiência com a Misericórdia do Senhor, contemplada e manifestada também no Calvário, na Cruz da Redenção, que encontramos de forma gritante o mistério de Deus que se revela e encarna por amor à humanidade. 

João Paulo II abraçou e foi ao encontro da juventude. “É necessário transmitir ao mundo este fogo da misericórdia. Na misericórdia de Deus o mundo encontrará a paz, e o homem a felicidade!“. (…) Confio-vos esta tarefa a vós. Sede testemunhas da misericórdia!”

Mesmo em meio às dores, a misericórdia do Senhor se manifesta. Não teve medo de demonstrar sua fragilidade, seu sofrimento ao mundo inteiro. Ao sofrer um atentado em 1981, teve severas complicações de saúde. Viveu a misericórdia que anunciara em ato ao visitar e perdoar seu agressor. 

Missionário da Paz, viajou o mundo convidando as nações ao diálogo e à busca da dignidade humana. “Nossa Comunidade nasceu sob seu pontificado e todos os nossos apostolados e missão surgem impulsionados por um projeto de vida em comum com este caríssimo amigo: Construir a civilização do Amor.” (Érika Vilela)

Um Papa sob o olhar da Mãe de Misericórdia, seu pontificado foi dedicado à Nossa Senhora sob o lema  “Totus Tuus” (Todo Teu, ó Maria!). Tendo um apreço especial por Nossa Senhora de Fátima.

Papa Francisco, ao falar sobre João Paulo II, confirma o quanto sua missão também é a nossa: “Teve a coragem de contemplar as feridas de Jesus e de tocar as suas mãos chagadas e o seu lado transpassado, pois em cada pessoa viu Jesus. Foi um homem cheio da parresia do Espirito, que deu testemunho da misericórdia de Deus à igreja e ao mundo.” (Homilia de Canonização dos Beatos João XXIII e João Paulo II, adaptado) (Érika Vilela)