“Naqueles dias, Maria pôs-se a caminho para a região montanhosa, dirigindo-se apressadamente a uma cidade de Judá”(Lc 1, 39)
E Maria partiu apressadamente. Impulsionada pelo Espírito de Deus, ela vai ao encontro de Isabel. Movida a “tocar e ver” o mistério de maneira concreta manifesto no meio de seu povo, de sua família. Ela não se paralisa diante de si, ou diante do futuro, mas se põem a caminho, move-se. Pois o Espírito que a preenche é dinâmico. Vai a uma região de difícil acesso, pois é descrito no texto bíblico como região montanhosa, região de altos e baixos, com perigos próprios. Parte em sua liberdade de se aventurar por caminhos onerosos, rumo ao mistério que agora envolve sua vida. Coloca os pés na estrada, para levar a sua prima seu coração cheio de Deus. Com os pés no chão, ela parte, sai de si e vai ao encontro do mistério.
Apressa-se em fazer o que lhe cabe, sem querer usurpar o lugar de Deus em sua história, pois sabe que Ele é Senhor do tempo e da história. Movida pelos os impulsos do Espírito Santo, do qual é cheia. Não foi fazer, pois nada poderia diante do mistério que se lhe apresentava, mas o que tinha colocou em oferta generosa, a si e o Salvador que trazia encarnado em seu ser.
Maria, vai ao encontro de alguém de sua própria casa, foi ser presença, família, conforto de um rosto amigo e que conhece o mistério vivido junto àquela família. Diante do mistério que lhe acontece ela é impulsionada a ser testemunho de fé, um testemunho que ela pode aplicar a começar por sua família. Ela crê e percebe o cuidado de Deus que se faz presente na vida de quem crê. “Feliz é aquela que creu, pois o que lhe foi dito da parte do Senhor será cumprido”.
Com isso, talvez, ela esteja a nos dizer que o mistério de Deus não está longe, que já está no seio de nossa família humana. Dizendo-nos que o Verbo se encarna, na humanidade de uma família humana, comum. Que o grande mistério esperado por nós, aguarda nosso sim, mesmo em nossa impossibilidade. Isabel não tinha mais tempo cronológico e biológico para ser mãe pois já era de idade avançada. Maria, ainda não tinha tido tempo de se tornar mãe, pois não havia conhecido homem. Mas Deus age na fé e no sim de cada uma. Tanto Maria como Isabel são figuras que no Advento nos apontam a importância de se abandonar a Deus e à sua vontade, para que um povo seja salvo.
Deus deseja a salvação de um povo e espera um sim, e cabe a mim e a você responder a esse mistério. Impossíveis, todos trazemos. Basta-nos a fé de confiar no hoje que Deus nos pede. A pressa de Maria não é em antecipar o tempo ou em fazer algo acontecer ao seu modo, mas se apressa a contemplar o mistério e a salvação que acontece para todos. Cheia da graça de Deus se coloca a caminho, pois é movida pelo Espírito de Deus. Não é movida pelo medo do futuro, ou por fuga. Não está impulsionada por ideologias, mas se move no tempo de Deus, se move n’Ele e para Ele. É o amor que põe pressa em seus passos. Maria tem pressa em amar, e amar com amor divino. Amar a humanidade, e ama-la em Deus.
Apressemo-nos em silenciar as muitas vozes que falam em nós, para ouvirmos o apelo do Espírito Santo que nos leva às regiões montanhosas da vida. Apressemo-nos, a nos dar, aos que nos foram confiados. Aos de nossa casa e aos que estão próximos, aos que conhecemos suas dores, mas também aos inúmeros desconhecidos das estradas da vida. Tenhamos ânimo, diante do longo e difícil caminho que é amar com amor divino. Deixemos Deus realizar o impossível em nós.
Eulália Lisboa é consagrada e missionária da Comunidade Filhos de Maria