Sê exaltado!Sê exaltado!

Santo Antônio dizia que Cristo assumiu a condição de servo (cf. Cl 2,7) Para servir ao servo, a fim de que o servo já não se envergonhasse de servir o Senhor. Quanta sabedoria há nessas palavras! A vocações Filhos de Maria encontra nela uma verdade: gloriar-se na Cruz! 

 

Tornamo-nos servos por Amor! Na Paixão do Senhor, encontramos o modelo suficiente para toda a nossa vida. Basta desprezar o que Cristo na cruz desprezou,  desejar e amar o que nela Ele amou. Morrendo na cruz, o Mestre a consagra, fazendo dela o altar em que livremente se imola. Da Cruz, instrui a todos os que creem sobre o perdão e a confiança. Ela é o Seu trono, onde não só é reconhecido como rei dos judeus, mas como Senhor universal. 

 

A cruz do Senhor ensina a santidade. Ali, Ele revela que só uma coisa é necessária: em tudo: fazer a vontade do Pai! É uma bem-aventurança própria dos Filhos de Maria e que se realiza na alegria de servir. 

 

É mistério de união com o Crucificado, que se experimenta quando se doa inteiramente tudo o que se tem e o que se é! Então, ao entrevê-Lo, quando O servimos no pobre das missões distantes, no doente sem esperança, no jovem ferido pelo caminho, no pecador que somos todos nós, podemos cantar: sê exaltado, Amor Crucificado!

Érika Vilela, fundadora da Com. Filhos de Maria e psiquiatra.

Congresso Maranathá 25 anosCongresso Maranathá 25 anos

O CONGRESSO MARANATHÁ 25 ANOS será o auge das manifestações de gratidão a Deus por todas as maravilhas realizadas em nós e através de nosso carisma na Igreja. Não perca a oportunidade de participar do Maranathá promovido pela Comunidade Filhos de Maria. De 20 a 22 de outubro deste ano no Espaço OAB Eventos em Montes Claros-MG. 

Teremos louvor, pregações, adoração ao Santíssimo Sacramento, testemunhos e celebração da Santa Missa. Na abertura do evento, 20 de outubro, teremos o Espetáculo O CÂNTICO DA ALMA e SHOW no sábado, 21.

É com grande alegria que nosso coração anseia levar aos jovens a alegria de pertencer a Cristo, da entrega de nossa juventude a Ele de forma a construir sobre a Terra a Civilização do Amor através da Revolução da Ternura.

Para celebrarmos essa grande festa teremos as presenças: Tiago Marcon (Missionário da Comunidade Canção Nova), Érika Vilela (Fundadora da Com. Filhos de Maria), Dom José Carlos (Arcebispo Metropolitano de Montes Claros), Dom Guido Zendron (Bispo de Paulo Afonso – Ba), Padre Ivan Clementino, Banda Herdeiros, Diácono Léo Rabello da Banda Dominus e lideranças de movimentos da nossa Arquidiocese.

Saiba mais informações no perfil @congressomaranatha.

Os ingressos estão disponíveis com os membros da Comunidade Filhos de Maria ou você pode fazer sua inscrição online aqui.

 

Transfigurados em TiTransfigurados em Ti

No domingo, 6 de agosto, celebramos a festa da transfiguração. Nossa fundadora, Érika Vilela, nos convida a meditarmos sobre esta festa no nosso carisma. Confira a seguir:

A Igreja se enche de alegria ao celebrar a Festa da Transfiguração do Senhor. É mister, neste ano festivo, revisitarmos esse Evangelho através do Carisma Filhos de Maria e ressaltarmos alguns caracteres essenciais desta sublime Vocação: a oração, a revelação, a missão. Jesus é o homem que ora: na escuridão da noite, ele ora; está sempre a subir ao monte para se encontrar com o Pai.

No encontro com o Pai, Ele revela sua identidade. Coberto pela nuvem, Suas vestes se tornam brancas. Por isso, ao nos consagrarmos, vestimo-nos de branco (Ap 7, 9-16), revelando nossa real identidade, já manifestando a glória que virá. Nesse momento, há uma ação trinitária. O Pai que revela o Filho, o Filho que O escuta, o Espírito que como nuvem O encobre. Há tanta beleza e esplendor nesse momento que somos tentados a permanecer no alto do monte. Mas o caminho de nossa Vocação é o do Cristo. É de descida, desce a montanha para ir ao encontro do homem ferido e do homem que O vai ferir.

Como descreveu Santo Agostinho: “Desce, Pedro, Tu desejavas descansar no monte (…) e eis que o próprio Senhor te diz: ‘desce para sofreres e servires neste mundo (…). A Vida desceu para ser levada à morte, o Pão desceu para suportar a fome, o Caminho desceu para se cansar caminhando, a Fonte desceu para suportar a sede e tu recusas a sofrer? (…) Anuncia a Verdade, alcançarás, então a imortalidade e com ela encontrarás a paz” (Sermão 78).

Érika Vilela, fundadora da Com. Filhos de Maria e psiquiatra.

Ide por todo mundo anunciar!Ide por todo mundo anunciar!

 Jesus ao dizer essas palavras disse a todo aquele que quisesse seguir. Não somente alguns escolhidos a desbravar os continentes, mas a todo coração desejoso de anunciar um novo Reino, uma nova vida. 

Também hoje, Ele nos faz esse mesmo convite. Não a alguns, mas a todos. Ouçamos o clamor da África por socorro, da Ásia, da Arábia por paz; escute as crianças não evangelizadas e que não conhecem o motivo de nossa esperança. Deixe-se alcançar pelo apelo de tantos aqui mesmo do nosso país, da nossa cidade, do nosso lado… Às vezes a terra de missão que está a clamar está na nossa casa, basta estarmos com o coração a escuta, aberto, ou melhor alargado para perceber a dor e a necessidade de evangelização do outro.

O que é ser missionário em nossa Comunidade? Em nossa Comunidade, ser missionário é todo aquele que ama e torna Jesus amado, é quem cuida das feridas do outro, quem escuta o coração que sofre, quem aconselha, quem silencia, que varre a casa de quem precisa.

Um missionário Filho de Maria serve no Amor e ama no servir. Para ele, as duas coisas estão sempre ligadas. É alguém também de anúncio, que tem a língua abrasada pelo Evangelho. Não se deixa intimidar e não teme as adversidades que acompanha aquele que se compromete com a verdade.

É uma pessoa livre, alcançada por Cristo, por isso pode compreender que missão é toda circunstância de anúncio, todo momento ou oportunidade de amar o outro gratuitamente por Jesus, em Jesus e para Jesus. Sabe que estando sempre em estado de evangelização, todo aquele que eu encontrar se torna imediatamente terra de missão. Alguém em que posso deixar o Amor de Cristo transbordar, inundar por todos os lados até que Ele se “cristifique”. Essa é a base de nossa ação missionária amar, amar, transbordar de Amor até cristificar o outro.

Quando me converti à fé católica, fiz um contrato com Jesus que a partir de então minha vida teria um chamado: Amá-Lo e torná-lo amado entre os homens, principalmente entre os mais pobres entre os pobres. E hoje isso se começa a realizar, só começa, porque não alcançamos os mais pequenos e eu ainda estou longe de ser missionária do coração de Jesus, a pobrezinha de Deus e amiga dos homens.

Espero que compreendam a riqueza que é ser missionário e não deixem perder esse desejo no coração da Comunidade jamais. Porque como ouvirão falar de Jesus aquele que nunca ouviram nada Dele se não há quem pregue! Se não há quem queira ir! Pois missão é partir!

Temo muitas vezes que a beleza da missão, do sentido da missionariedade fique oculto ou esquecido entre tantas outras realidades da vocação e que usemos máscaras de aceitação de vida missionária, de ir em missão, enquanto o coração está cheio de correntes. Está preso a si mesmo e às suas vontades, repleto muitas vezes de seus próprios projetos e não dos projetos de Deus. A sinceridade e a verdade diante de Deus são condições essenciais de um coração missionário para que seja sempre o Coração de Cristo e não o nosso a ir ao outro, pois só o coração de Jesus é capaz de curar, libertar, dar vida nova, por nós mesmos não fazemos nada, sabemos que quem tudo pode e faz é Jesus. Assim jamais temos algum mérito. Mas se acontece do coração do discípulo não ser sincero ou livre então muitas vezes a missão fica em risco e se faz necessário que os irmãos estejam atentos para não darmos aos outro nada além de Jesus! Corre-se o risco de dar-nos a nós mesmos e quando isso ocorre, mata-se aos poucos o irmão!

E na evangelização nada é mais triste! Para Jesus, compara-se a um escândalo, e seria antes melhor colocar uma pedra no pescoço e lançar-se ao abismo, a fazer cair um de seus pequeninos! Um de seus amados! Cada alma, cada pessoa tem um valor inestimável para Jesus! É solo sagrado! O ato de evangelizar deve ser feito com preparo, cuidado amoroso, em alerta, atento as necessidades do outro, mas, sobretudo em profunda unidade, de coração a coração, pensamento a pensamento, ato a ato com Jesus.

Assim sendo, nossa vida missionária é um desafio constante, porque não se faz em um momento. Não é um ano missionário; ou serei missionário durante as férias, nos fins de semana, e ainda em momentos de calamidades. Não. Como já disse, é uma vida missionária. Durmo e acordo missionário, meu trabalho ou estudo é missão, varrer a casa, levar o lixo, fazer o almoço, lavar o banheiro, partilhar o coração, ir à oração comunitária, ou liturgia das horas, pregar retiros nas comunidades rurais ou trabalhar nos projetos, servir à paróquia, viver o fraternitas, ouvir o irmão nos seus conflitos e apoia-los é missão, todo o decorrer do meu dia é missão, porque ser missionário para nós não é estado passageiro, é condição permanente da minha pertença a Cristo. Sou dEle e para Ele. Então também sou seu discípulo e missionário para todas as circunstâncias e nações.

Com esse pequeno ensinamento espero ter ajudado um pouco a formação e a vocês queridos filhos, a sentirem o grito da sede do povo clamando por evangelização dentro de si e confio que ouvireis a resposta de cada um ao apelo da Igreja: como enviar se não há quem pregue? Se não há quem queira ir? – Eis-me aqui, Senhor! Eu vou!

Deus os abençoe e os façam santos e missionários. Sobre a intercessão de Santa Teresinha e São Francisco Xavier. No Amor Misericordioso do Pai. 

Érika Vilela, fundadora da Com. Filhos de Maria e psiquiatra. 

Aos aventureiros da Santidade RadicalAos aventureiros da Santidade Radical

Existe uma aventura esperando a juventude despertar, existe um chamado que não quer se calar, existe um tempo novo esperando por você, jovem, que está andando meio perdido e sem direção: 

Saiba que, se você abraçar esse tempo com verdade, liberdade e responsabilidade, esse caminho será repleto de oração e alegria. Acredite, se você está aqui foi porque ouviu a voz do Mestre de Nazaré e se fascinou por Seu olhar

Papa Francisco, nos diz que “a vocação se inicia com um olhar de misericórdia, tanto por parte do Deus que chama quanto daquele que sente no coração o desejo de acolher esse chamado (…) Aquele que se permite discernir a vocação acolhe o Cristo”. Francisco garante que Jesus não faz longos discursos, não apresenta um programa cheio de regras. Ele se limita a dizer segue-me e desperta em seus escolhidos o desejo de colocar-se ao seu dispor, de permanece ao seu lado. 

Você é um desses escolhidos! É como o jovem Samuel pronto para responder: “Eis-me aqui” (cf. ISm 3,10). (Érika Vilela em  Eis-me aqui: Vou ser amor!, 2018) 

Ouvir o chamado de Deus para viver o dom de sua vida e despertar para a espiritualidade, para este mundo que já de vir é acreditar na civilização do Amor, é participar da revolução da ternura e encarnar o Cristo na vida. É participar da comunidade dos bem-aventurados que não conquistaram por si mesmos este título, mas foram lavados e remidos pelo sangue do Cordeiro que os escolheu e escolheu permanecer e caminhar com eles. Quer se aventurar pela misericórdia e ser no mundo a manifestação de um amor que nunca acaba? Vem viver este chamado à santidade radical! Ser santo é ser feliz.  

“A palavra ‘feliz’ ou ‘bem-aventurado’ torna-se sinónimo de ‘santo’, porque expressa que a pessoa fiel a Deus e que vive a sua Palavra alcança, na doação de si mesma, a verdadeira felicidade.” (Papa Francisco, Gaudete et Exsultate, 64) 

Você quer ser feliz? Busque a felicidade radical, radicada e enraizada, em Cristo! Seja um Jovem STD! Radical, viva a Santidade Radical!

 

Ao escolher esta forma de vida, optaste por amar até o fim, até a loucura, até o derramamento do teu sangue, numa entrega verdadeira, oferecendo a Deus um autêntico culto espiritual, obedecendo a Sua voz que nos ensina: ‘Nisto conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros como eu vos amei. (…) Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a sua vida por seus amigos’ (Jo 13, 35; 15, 13). (Palavra de Vida, 3 – Érika Vilela)

 

Uma vida que tem desafios e dificuldades às vezes, mas nunca uma vida vazia de sentido. Um aventureiro STD! sabe que seu caminho começa em um Amor ao extremo (Jo 13, 1). E se entrega para encarnar esse amor. Então só vem! Vem ser Juventude STD! e “se lançar nesta divina aventura de amar Jesus e torna-Lo amado entre os homens!” (Érika Vilela).

JUVENTUDE STD!JUVENTUDE STD!

 

No dia 19 de março de 2018, o Papa Francisco lançou a exortação apostólica Gaudete et exsultate, sobre a chamada à santidade no mundo atual.  A partir das bem-aventuranças, o santo padre aborda ali algumas características e traços espirituais indispensáveis ao estilo da vida santa a que todos somos chamados e enfatiza aspectos da santidade que encontram eco em nossos dias. Daqui constatamos que a santidade não é exclusiva de um grupo seleto. É um chamado atual aos que querem seguir o Senhor e dia após dia terem suas vidas configuradas à Dele. “Sejam santos, porque eu sou santo!” (IPe 33,16).

No entanto, é notável um apelo à santidade da Juventude, visto que essa parcela da sociedade encerra em si a energia da força transformadora, evidente já no relato bíblico: “Jovens, eu vos escrevo porque sois fortes, a Palavra de Deus permanece em vós e vencestes o Maligno. ” (I Jo 2,14c).

Como temos no Evangelho, o Senhor chamou para si os que Ele quis (Mc 3,13). Mas é preciso reconhecer a predominância daqueles que desde a sua juventude ouviram essa voz e, com toda a força de alma e decisão, se propuseram a responder a tal chamado com a vida. Do Antigo ao Novo Testamento, saltam aos nossos olhos os nomes e o testemunho daqueles que desde a mais tenra idade se propuseram, como Samuel, a fazer de sua vida uma resposta constante: “Fala, Senhor, que teu servo escuta! ” (ISm 3,9). Houve ainda, outros “Jeremias” temerosos por serem imaturos…, mas, a seu modo e maneira, todos responderam um fiat estarrecedor como o da Virgem Maria, e ainda que questionado o “como se dará isso?”, se prontificaram: “Faça-se em mim segundo a tua palavra. ” (Lc 1,38).

Tocando a realidade de nossos dias, por mais que nos rodeiem tantos desafios e ataques aos valores cristãos, há uma urgência em mostrar para os jovens que a santidade é possível e que devemos lutar por ela. Falamos aqui da santidade cotidiana e também daquela da honra dos altares, reservada aos que desejam em tudo se assemelharem a Jesus. Aos jovens, o papa São João Paulo II exortou: “Jovens de todos os continentes, não tenhais medo de ser os santos do novo milênio! ” (Roma, 2000).

 

O jovem santo da atualidade é aquele que não se intimida diante dos pessimismos da vida e é capaz de contorná-los com alegria e bom-humor, frutos da vida de oração que rega a experiência de amor e proximidade com o Senhor na vida sacramental e nas realidades fraternas. Jesus, em sua juventude, também viveu as agruras de seu tempo, mas soube se posicionar dando prioridade às coisas do Pai (cf. Lc 2,49). 

No seio da Sagrada Família de Nazaré, Jesus aprendeu de São José e da Virgem Maria a segurança interior, a serenidade cheia de esperança, fruto da vida em Deus e a satisfação espiritual incompreensível de saber-se amado, fazendo transbordar a todos esse amor desinteressado que é contrário aos critérios humanos. Sejamos nós hoje, enquanto Igreja, outra Família de Nazaré a acolher, formar e motivar os nossos jovens no caminho da santidade.

Passados mais de vinte anos da Jornada Mundial da Juventude em Toronto, deixemo-nos impelir pelas palavras de São João Paulo II: “Fazei resplandecer a luz de Cristo nas vossas vidas! Não espereis por ser mais idosos, para vos empenhardes no caminho da santidade! A santidade é sempre jovem, como eterna é a juventude de Deus.” (Toronto, 2002).

Jovens, ao chamado à santidade, respondamos com dignidade e grandeza de alma!

Deus vos abençoe!

Padre Marcelo Eduardo, sacerdote e missionário da Comunidade Filhos de Maria

 

 

Maria e o mistérioMaria e o mistério

“Naqueles dias, Maria pôs-se a caminho para a região montanhosa, dirigindo-se apressadamente a uma cidade de Judá”(Lc 1, 39)

E Maria partiu apressadamente. Impulsionada pelo Espírito de Deus, ela vai ao encontro de Isabel. Movida a “tocar e ver” o mistério de maneira concreta manifesto no meio de seu povo, de sua família. Ela não se paralisa diante de si, ou diante do futuro, mas se põem a caminho, move-se. Pois o Espírito que a preenche é dinâmico. Vai a uma região de difícil acesso, pois é descrito no texto bíblico como região montanhosa, região de altos e baixos, com perigos próprios. Parte em sua liberdade de se aventurar por caminhos onerosos, rumo ao mistério que agora envolve sua vida. Coloca os pés na estrada, para levar a sua prima seu coração cheio de Deus. Com os pés no chão, ela parte, sai de si e vai ao encontro do mistério.  

Apressa-se em fazer o que lhe cabe, sem querer usurpar o lugar de Deus em sua história, pois sabe que Ele é Senhor do tempo e da história. Movida pelos os impulsos do Espírito Santo, do qual é cheia. Não foi fazer, pois nada poderia diante do mistério que se lhe apresentava, mas o que tinha colocou em oferta generosa, a si e o Salvador que trazia encarnado em seu ser.

Maria, vai ao encontro de alguém de sua própria casa, foi ser presença, família, conforto de um rosto amigo e que conhece o mistério vivido junto àquela família. Diante do mistério que lhe acontece ela é impulsionada a ser testemunho de fé, um testemunho que ela pode aplicar a começar por sua família. Ela crê e percebe o cuidado de Deus que se faz presente na vida de quem crê. “Feliz é aquela que creu, pois o que lhe foi dito da parte do Senhor será cumprido”. 

Com isso, talvez, ela esteja a nos dizer que o mistério de Deus não está longe, que já está no seio de nossa família humana. Dizendo-nos que o Verbo se encarna, na humanidade de uma família humana, comum. Que o grande mistério esperado por nós, aguarda nosso sim, mesmo em nossa impossibilidade. Isabel não tinha mais tempo cronológico e biológico para ser mãe pois já era de idade avançada. Maria, ainda não tinha tido tempo de se tornar mãe, pois não havia conhecido homem. Mas Deus age na fé e no sim de cada uma. Tanto Maria como Isabel são figuras que no Advento nos apontam a importância de se abandonar a Deus e à sua vontade, para que um povo seja salvo.

Deus deseja a salvação de um povo e espera um sim, e cabe a mim e a você responder a esse mistério. Impossíveis, todos trazemos. Basta-nos a fé de confiar no hoje que Deus nos pede. A pressa de Maria não é em antecipar o tempo ou em fazer algo acontecer ao seu modo, mas se apressa a contemplar o mistério e a salvação que acontece para todos. Cheia da graça de Deus se coloca a caminho, pois é movida pelo Espírito de Deus. Não é movida pelo medo do futuro, ou por fuga. Não está impulsionada por ideologias, mas se move no tempo de Deus, se move n’Ele e para Ele. É o amor que põe pressa em seus passos. Maria tem pressa em amar, e amar com amor divino. Amar a humanidade, e ama-la em Deus.

Apressemo-nos em silenciar as muitas vozes que falam em nós, para ouvirmos o apelo do Espírito Santo que nos leva às regiões montanhosas da vida. Apressemo-nos, a nos dar, aos que nos foram confiados. Aos de nossa casa e aos que estão próximos, aos que conhecemos suas dores, mas também aos inúmeros desconhecidos das estradas da vida. Tenhamos ânimo, diante do longo e difícil caminho que é amar com amor divino. Deixemos Deus realizar o impossível em nós.

 

Eulália Lisboa é consagrada e missionária da Comunidade Filhos de Maria

TRÍDUO PASCALTRÍDUO PASCAL

Quinta-feira Santa e o Mandatum 

Por Padre Arley Humberto, Sacerdote, psicólogo e consagrado da Comunidade Filhos de Maria

Ao celebrar a Última Ceia, nosso Senhor nos deixou o memorial de sua paixão. O grande sinal de sua entrega foi o novo mandamento (Mandatum). 

Nós, Filhos de Maria, entendemos que amar é o cerne do nosso chamado, por isso, ao celebrarmos cada ano o Mandatum, comprometemo-nos a imitar o Cristo, amando como Ele ama.

Paixão de Nosso Senhor por Padre Arley Humberto

“Na tua intimidade,

 volve o teu olhar para o Cristo Crucificado, 

faz-lhe companhia e partilha a sua dor.” 

(Érika Vilela)

Contemplar a Paixão de Jesus é encontrar o caminho certo para a nossa salvação. Ali, com o Amor derramado por nós, descobrimos a riqueza de sua glória escondida em meio aos sofrimentos. Encontramos a vida que vence toda morte.

A Páscoa 

por Érika Vilela, Médica Psiquiatra e Fundadora da Comunidade Filhos de Maria

A Páscoa é o coração da fé e da vida da Igreja. Anualmente, somos convidados a fazer memória do mistério da Ressurreição de Cristo. É a festa da vida, a celebração da Luz. 

No Carisma Filhos de Maria, a Páscoa é vivida como a graça de uma nova criação. O homem velho morre e tudo se faz novo. Como diz Santo Agostinho: “A vida antiga na qual você experimentou o mal foi enterrada. Ressuscite para a (vida) nova! Viva bem! Viva para viver (…) de modo que, quando você morrer, não morrais” (Sermão 229E, 3). Nossos membros vivem o “Aleluia” em cada louvor comunitário, antecipando a alegria da vida eterna com Deus. 

O Aleluia e o louvor a Deus são uma só coisa. Através deles, a luz rompe as trevas, a chama da fé aquece, transforma e renova a humanidade. A certeza de que o Senhor está vivo faz cada Filho de Maria se abrir à esperança e se colocar a caminho pelas estradas do mundo para anunciar que o Amor é mais forte que a morte!

Padre Arley Humberto, sacerdote, psicólogo e consagrado da Comunidade Filhos de Maria e Érika Vilela, Médica Psiquiatra e Fundadora da Comunidade Filhos de Maria

Lucidez ou Loucura?Lucidez ou Loucura?

Como médico de atuação em Clínica Médica e em Medicina Paliativa há alguns anos, vivo todos os dias do meu trabalho buscando salvar vidas e a dignidade dessas vidas constantemente ameaçadas; seja na urgência e emergência, na enfermaria e unidade intensiva, em domicílios e consultórios. Nem sempre há bons resultados, enquanto é crescente o número de pessoas humanas a serem cuidadas em seus diversos tipos de sofrimentos nesses contextos. 

O que plenifica minha atuação na vida, e no trabalho não seria diferente, é o fato de ser cristão católico e leigo consagrado a um carisma: Filhos de Maria. E posso traduzir especificamente isso como uma convocação ininterrupta a ser manifestação do amor misericordioso do Pai, canal para o alívio de sofrimentos humanos e instrumento no auxílio  às pessoas a encontrar um sentido em suas vidas. De maneira especial O Sentido: Cristo. Isso é um presente, mesmo que desafiador! Ainda mais na atualidade, tempo tão cheio de necessitados desses pontos e tão carente de pessoas dispostas a esse tipo de entrega.

 A opção de assumir isso em minha vida e tocar em tantas realidades desorientadas, sofridas e muitas vezes miseráveis chega a muitos como uma postura de lucidez, já a outros, de loucura. Atitude lúcida e iluminadora porque é de quem vê a realidade, de quem sabe que todo ser humano, a começar  de mim mesmo, em algum momento  necessita dessas experiências de misericórdia, de consolo e de sentido. Já atitude louca e constrangedora por ser uma escolha de estar constantemente diante do desagradável, do angustiante, do que pode inclusive perturbar o juízo: as várias faces da dor humana. 

Tudo isso na verdade é uma missão. Não é puramente uma escolha pessoal. Se assim fosse, acredito que seria “pouco”. Na verdade é uma resposta a Deus, à vida, à humanidade. E somente por isso é possível. Cada vez mais meu trabalho deve misturar muita técnica, muita humanidade e muito carisma. E porque não muita coragem e loucura? E tem de ser assim. Ninguém merece menos do que isso!

“Nascemos aos pés da cruz para anunciar ao mundo o amor que o levou à loucura.”  (Érika Vilela)

 

Diego Ramos, missionário consagrado da Com. Filhos de Maria e médico paliativista

O Tempo QuaresmalO Tempo Quaresmal

O tempo da Quaresma é um convite a fazer com Cristo, um novo caminho. É preciso se decidir por adentrar neste projeto de vida nova encontrada no Senhor. Sendo assim, podemos pensar neste tempo como um grande encontro, uma via de ascese, isto é, um subir com Ele a fim de viver em perfeita alegria.

Como Jesus, devemos nos deixar ser conduzidos pelo Espírito (Mt 4 1-11), abandonarmo-nos nas mãos daquele que nos conhece e quer que sejamos santos. Essa santidade é entendida como um coração grato que se deixa modelar, que vai se assemelhando ao Senhor em uma total disponibilidade à sua ação.

Sendo assim, a oração se torna o melhor caminho para viver esse encontro. Por ela, podemos ouvi-Lo, abrir-Lhe o coração e, dessa forma, permitir que Ele nos dê um novo coração de carne (Ez 36,26-27). Um coração que se importe com o outro, que queira amar sem limites servindo sem fronteiras.

Conhecemos nossos limites, por isso, aprendemos que o jejum, a mortificação são os instrumentos que nos permitem sair de nós mesmos. Com este desejo de amar, meditamos, em cada sexta-feira, o mistério da Via Sacra, refazendo com o Cristo o caminho da Paixão, meditando com a Igreja os temas da Campanha da fraternidade. 
Pe. Arley Humberto, sacerdote, missionário consagrado da Com. Filhos de Maria e psicólogo