Comunidade Filhos de Maria Formação Pilares da Quaresma (4/4)

Pilares da Quaresma (4/4)


Pilares da Quaresma: A CARIDADE
(Texto e locução por Érika Teles)


Segundo o padre Duffé, secretário do Dicastério no Vaticano: “A caridade– ágape – é o amor que vem de Deus, nos chama e nos leva a aprender de novo a amar os outros, com respeito e humildade.” A caridade também conhecida e traduzida como amor é o ato de ofertamos ao outro muito mais do que algo material, ofertamos a nós mesmos.

Um dos vícios que mais assolam o ser humano é a ganancia, o desejo pelo ter sempre mais, com a prática da caridade, vamos moldando o nosso ser na virtude da humildade, da solidariedade, da partilha. Oferecemos ao outro, ao nosso irmão aquilo que queríamos e estimávamos tanto, vamos aos poucos nos desapegando das coisas matérias, das pessoas e vamos buscando aquilo que é essencial, a intimidade com Deus, a vida com Ele e Nele.


A caridade é um ato concreto, é a prática do amor, é o acolher a realidade de que não somos os senhores de tudo, que o que dá realmente sentido à vida é o amor testemunhado na partilha de bens, de vida. A partilha do dom do amor. Isso é caridade.


E aí, você topa doar de si nessa quaresma?

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No domingo, 6 de agosto, celebramos a festa da transfiguração. Nossa fundadora, Érika Vilela, nos convida a meditarmos sobre esta festa no nosso carisma. Confira a seguir:

A Igreja se enche de alegria ao celebrar a Festa da Transfiguração do Senhor. É mister, neste ano festivo, revisitarmos esse Evangelho através do Carisma Filhos de Maria e ressaltarmos alguns caracteres essenciais desta sublime Vocação: a oração, a revelação, a missão. Jesus é o homem que ora: na escuridão da noite, ele ora; está sempre a subir ao monte para se encontrar com o Pai.

No encontro com o Pai, Ele revela sua identidade. Coberto pela nuvem, Suas vestes se tornam brancas. Por isso, ao nos consagrarmos, vestimo-nos de branco (Ap 7, 9-16), revelando nossa real identidade, já manifestando a glória que virá. Nesse momento, há uma ação trinitária. O Pai que revela o Filho, o Filho que O escuta, o Espírito que como nuvem O encobre. Há tanta beleza e esplendor nesse momento que somos tentados a permanecer no alto do monte. Mas o caminho de nossa Vocação é o do Cristo. É de descida, desce a montanha para ir ao encontro do homem ferido e do homem que O vai ferir.

Como descreveu Santo Agostinho: “Desce, Pedro, Tu desejavas descansar no monte (…) e eis que o próprio Senhor te diz: ‘desce para sofreres e servires neste mundo (…). A Vida desceu para ser levada à morte, o Pão desceu para suportar a fome, o Caminho desceu para se cansar caminhando, a Fonte desceu para suportar a sede e tu recusas a sofrer? (…) Anuncia a Verdade, alcançarás, então a imortalidade e com ela encontrarás a paz” (Sermão 78).

Érika Vilela, fundadora da Com. Filhos de Maria e psiquiatra.

Lucidez ou Loucura?Lucidez ou Loucura?

Como médico de atuação em Clínica Médica e em Medicina Paliativa há alguns anos, vivo todos os dias do meu trabalho buscando salvar vidas e a dignidade dessas vidas constantemente ameaçadas; seja na urgência e emergência, na enfermaria e unidade intensiva, em domicílios e consultórios. Nem sempre há bons resultados, enquanto é crescente o número de pessoas humanas a serem cuidadas em seus diversos tipos de sofrimentos nesses contextos. 

O que plenifica minha atuação na vida, e no trabalho não seria diferente, é o fato de ser cristão católico e leigo consagrado a um carisma: Filhos de Maria. E posso traduzir especificamente isso como uma convocação ininterrupta a ser manifestação do amor misericordioso do Pai, canal para o alívio de sofrimentos humanos e instrumento no auxílio  às pessoas a encontrar um sentido em suas vidas. De maneira especial O Sentido: Cristo. Isso é um presente, mesmo que desafiador! Ainda mais na atualidade, tempo tão cheio de necessitados desses pontos e tão carente de pessoas dispostas a esse tipo de entrega.

 A opção de assumir isso em minha vida e tocar em tantas realidades desorientadas, sofridas e muitas vezes miseráveis chega a muitos como uma postura de lucidez, já a outros, de loucura. Atitude lúcida e iluminadora porque é de quem vê a realidade, de quem sabe que todo ser humano, a começar  de mim mesmo, em algum momento  necessita dessas experiências de misericórdia, de consolo e de sentido. Já atitude louca e constrangedora por ser uma escolha de estar constantemente diante do desagradável, do angustiante, do que pode inclusive perturbar o juízo: as várias faces da dor humana. 

Tudo isso na verdade é uma missão. Não é puramente uma escolha pessoal. Se assim fosse, acredito que seria “pouco”. Na verdade é uma resposta a Deus, à vida, à humanidade. E somente por isso é possível. Cada vez mais meu trabalho deve misturar muita técnica, muita humanidade e muito carisma. E porque não muita coragem e loucura? E tem de ser assim. Ninguém merece menos do que isso!

“Nascemos aos pés da cruz para anunciar ao mundo o amor que o levou à loucura.”  (Érika Vilela)

 

Diego Ramos, missionário consagrado da Com. Filhos de Maria e médico paliativista

Retirar-se para rezarRetirar-se para rezar

(Texto e locução por Érika Teles)

Muito se fala que a oração é o alimento da alma. Em sua primeira catequese na audiência geral sobre a oração, o Papa Francisco afirmou: “A oração é o respiro da fé, é a sua expressão mais adequada. Como um grito que sai do coração de quem crê e se confia a Deus.” É claro para nós católicos e cristãos que sem a oração é difícil permanecer no caminho de uma vida com Deus, precisamos nos fortalecer, acreditar, pedir, confiar Naquele que é maior do que nós. Precisamos fazer-se ouvir o clamor do nosso coração. Deus gosta de escutar a nossa prece.


No entanto, se não nos dispusermos a buscar essa vida de oração, acabaremos por deixar de lado tudo que tem-se construído ao longo da nossa caminhada de fé. É necessário retirar-se para rezar. A oração é intimidade, é encontro! No Evangelho de Mateus no capitulo 6, versículo 6, Jesus diz: “Quando orares, entra no teu quarto, fecha a porta e ora ao teu Pai em segredo; e teu Pai, que vê o que está em segredo, te recompensará.” Precisamos nos derramar diante de Deus, dizer a Ele a nossa necessidade, tornar-nos íntimos e ouvi-Lo no silêncio da oração.


Em muitos trechos dos Evangelhos percebemos Jesus que se retira para as regiões montanhosas, de madrugada para rezar. Jesus sendo Deus, reconhece-Se necessitado da oração para estar mais íntimo do Pai, nós como seus discípulos, devemos seguir o seu exemplo e buscarmos nos retirar para falar, para clamar e ser acolhido pelo nosso Pai do céu que sabe das nossas necessidades mais do que nós mesmos e que está sempre pronto para nos ouvir. Ele sempre nos espera para um encontro!


Como anda a sua vida de oração? Você tem conseguido se retirar para rezar, para falar com Deus e para ouvi-Lo falar com você? Que tal tentar agora buscar reservar um tempo só para você e Ele? Alimente sua alma, deixe seu coração gritar para o Senhor.

Santa Quaresma!

Foto: Jessyca Macedo/ Daniela Lemos